
16 de maio é o dia do
gari, e no 21 de outubro comemora-se o dia do lixeiro. Oxente, e não é tudo a
mesma coisa não? “O mais baixo na escala de trabalho”, segundo o boca de tabaco
Boris Casoy, é na realidade o gari ou o lixeiro? O psicólogo formado pela Universidade de São Paulo Fernando
Braga da Costa, 27 anos, tornou-se figura notória na mídia, ao assumir a
vassoura de gari por oito anos, “para estudar a vida desses trabalhadores”.
A profissão mais rejeitada pelas pessoas é a de gari. Meu pai
dizia: “se não estudar, vai acabar varrendo a rua”. Dizem: “fulano não serve
nem pra ser lixeiro”. Conheci um gari em minha cidade cujo nome era “Coceira”.
Cidadão conversador e super preguiçoso, “Coceira” mantinha sua vassoura novinha
em folha por falta de uso. Não me lembro quem foi meu primeiro professor, mas
recordo do velho “Coceira” escorado na sua vassoura, conversando com todo
mundo. Notabilizou-se pela preguiça e bom humor.
“Esses trabalhadores merecem nosso respeito”, discursam prefeitos
corruptos. Mas pagam uma miséria, quando pagam, e deixam os pobres lixeiros
serem comidos por todo tipo de doenças por falta de equipamentos de proteção.
Bem fazia “Coceira”: mandava todo mundo se lascar, passava o dia fumando seu
cigarrinho e rindo da humanidade. Como era uma figura popular e querida por
todos, o fuleiro do prefeito não o mandava embora.
Com certeza não é só Boris Casoy que tem preconceito contra
lixeiros. Imaginem o que muitas pessoas “famosas e importantes” deste país
dizem e pensam dos mais humildes. O
jornalista-canalha-patife-vagabundo-descarado-salafrário-cínico-hipócrita-nazista
Borys é representante de classe daquela madame de imundo caráter que lava as
mãos com álcool depois de apertar as mãos dos seus humildes eleitores.
Em concurso público para gari em São Paulo, até engenheiro
fez as provas. O desemprego nivela todo mundo. No dia do gari, pense que gari
não é lixo. Não sou dono da verdade, antes quero que ela seja minha dona. Mas
gostaria de ter um encaminhamento para o problema do saneamento público. Onde
jogar tanto lixo humano? Como descartar um sistema que nivela homens e detritos?
"O interrogatório é muito fácil de fazer, pega o favelado e dá
porrada até doer. O interrogatório é muito fácil de acabar, pega o negão e dá
porrada até matar. Esse sangue é muito bom, já provei, não tem perigo, é melhor
do que café, é o sangue do inimigo". Esse é um dos cantos preferidos dos
soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de
Janeiro para incursões em favelas e comunidades pobres onde moram os garis e
lixeiros. Esse lixo sistêmico não tem jeito de limpar.

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