Passados 30 anos da descoberta
do vírus responsável por causar a aids e pelo menos 15 anos depois de o
diagnóstico ter deixado de ser considerado uma sentença de morte, a primeira
pergunta que muitos pacientes ainda fazem logo após saber que são soropositivos
é: quanto tempo eu tenho de vida? O infectologista Alexandre Naime Barbosa tem
a resposta na ponta da língua: "O mesmo tempo que qualquer outra pessoa da
sua idade".
Fica para os soropositivos com
longo tempo de convivência com o vírus, porém, uma outra constatação. Os
pacientes vivem mais, sim, mas envelhecem mais rapidamente.
O advento da terapia
antirretroviral, com vários medicamentos, conseguiu controlar a principal causa
de morte durante o início da epidemia: as doenças oportunistas, que surgiam
depois que o vírus, em multiplicação alucinada, aniquilava as defesas do
organismo.
As drogas conseguiram diminuir
a replicação do vírus a ponto de a carga viral, nas pessoas que tomam o remédio
rigorosamente, ficar indetectável no sangue. Algumas partes do corpo, porém,
funcionam como reservatório do vírus, como os sistemas nervoso central e
linfático. Uma espécie de refúgio, já que neles os vírus ficam fora do alcance
das drogas e continuam se replicando lentamente.
"A gente assistiu à
história de 30 anos da doença vendo-a de trás para frente. A primeira visão foi
catastrófica. A aids levava a uma profunda redução da imunidade, a ponto de a
pessoa morrer em decorrência das doenças oportunistas. Conseguimos mudar isso,
tratar as pessoas. Aí, começamos a ver a doença pelo começo", diz Ricardo
Diaz, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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