É necessário exercitar-se e não
há problema algum em frequentar academias, muito menos em gostar do que se vê
no espelho. Pelo contrário, nosso corpo deve ser cuidado como a máquina que
ocupamos. Sem manutenção e cuidados, qualquer equipamento estraga facilmente
com o tempo. O problema, na verdade, é o excesso, pois escraviza quando se
torna o centro da vida do indivíduo.
Mesmo coisas essencialmente
positivas, como o exercício físico, quando levadas ao extremo, podem ser
prejudiciais. O mais preocupante, porém, nem é o excesso em si, mas o que leva
a pessoa a esse excesso. O abuso de musculação pode ser um sinal de
“vigorexia”, ou “transtorno dismórfico muscular”, desarranjo onde o indivíduo
sempre se vê pequeno. Não importa o quanto treine, para ele nunca é suficiente.
Indivíduos acometidos por esse transtorno podem até mesmo arriscar sua saúde e
sua vida ao abusar de esteroides anabolizantes.. De acordo com estudos, a
dependência acontece porque durante os exercícios são liberados
neurotransmissores relacionados ao prazer, como a dopamina e a serotonina.
“Quando o atleta termina sua atividade e sente uma incontrolável vontade de
treinar em menos de 12 horas, é porque seu organismo sente falta desses
neurotransmissores. Ele pode estar se viciando.”
Segundo o psiquiatra do Programa
de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas
da USP, Alexandre Azevedo, a vigorexia é um transtorno caracterizado por uma
distorção da imagem corporal. “Seus portadores acham-se fracos e pequenos,
quando na verdade são fortes e grandes. E apresentam uma necessidade obsessiva
em ganhar massa muscular e promover uma maior definição corporal. Ela é mais
frequente em homens jovens entre 15 e 25 anos (idade de início de sintomas
Existem fatores sociais e
culturais que podem estar envolvidos no desenvolvimento do transtorno em
homens. A pressão da sociedade por um corpo forte e musculoso, como se isso
definisse o que é ser homem, é semelhante à pressão por um corpo magro e
esquálido que leva tantas mulheres a um transtorno mais conhecido: a anorexia.
Não há nada menos viril do que insegurança e baixa autoestima, que o vigoréxico
tenta combater com treinamentos pesados. Sem saber como ser homem, os
vigoréxicos não percebem que a obsessão com a aparência os afasta cada vez mais
da masculinidade.

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