Nos
anos Dilma Rousseff, despencou a confiança dos brasileiros nas instituições
(públicas e também privadas). É o que mostra o “13º Barômetro Edelman de
Confiança”, elaborado pela Edelman, considerada a maior firma de relações
públicas do mundo, presente em 66 países (Brasil inclusive) com 4.500 empregados.
Na pesquisa publicada em 2011, mas feita em 2010, o ano em que Dilma se
elegeu e o Brasil cresceu espetaculares 7,5%, os brasileiros estavam no topo
dos que confiavam nas suas instituições, entre os 26 países em que o
levantamento é feita anualmente. A pontuação brasileira era de 80 em 100,
quando a média geral não passava de 55.
No ano seguinte, o primeiro de Dilma, o Brasil passou a ser o 14º,
abaixo da metade da tabela, portanto, com uma queda espetacular de quase 30
pontos (de 80 passou para 51). Em vez de bem acima da média, ficou exatamente
nela, que foi de 51 pontos.
Na pesquisa deste ano, mas feita em outubro passado, a posição
brasileira melhorou algo: passou a ser o 12º colocado com 55 pontos, abaixo da
média, que subiu para 57.
É razoável suspeitar que esses
números ajudam a entender os protestos deste junho. Como perderam rapidamente a confiança nas instituições,
os brasileiros saíram às ruas. A desconfiança nas instituições, de resto,
aparece com clareza em outra pesquisa, esta do Datafolha, feita logo após o
início dos protestos e que mostra o desprestígio de todas as instituições
públicas (Parlamento, Executivo, partidos políticos).
Pena que o Datafolha não tenha pesquisado o prestígio (ou falta dele) do
setor privado.
Se serve de consolo para Dilma e os demais atores políticos e
empresariais brasileiros, registre-se que o desencanto não é uma jabuticaba,
que só existe no Brasil. É disseminado pelo mundo ou ao menos pelos 26 países
que a Edelman analisou.
“Menos de um de cada cinco consultados acredita que um líder empresarial
ou governamental responderia realmente a verdade quando confrontado com uma
questão difícil”, diz o relatório.
Dramático, não? Posto de outra
forma, significa dizer que mais de 80% do público nos 26 principais países do planeta acha que seus líderes mentem
quando a coisa aperta.
Era inescapável dar como título da pesquisa 2013 a expressão “Crise de
Liderança”. É exatamente o que o mundo está enfrentando já faz algum tempo.
Choca verificar que, mesmo
nesta era de capitalismo descontrolado, é algo maior a confiança nos homens de negócio do que nas instituições
oficiais. São 18% os que acreditam que líderes empresariais dirão a verdade
mesmo diante de questões críticas. Mas apenas 13% acham que os líderes
políticos fariam o mesmo.
Repete-se a situação quando a pergunta é sobre a capacidade de tomar
decisões éticas e morais: os empresários são capazes para 19% dos consultados,
ao passo que apenas 14% acham que os homens públicos têm idêntica predisposição.
Alguma surpresa com o fato de que
movimentos maciços de protesto venham se espalhando pelo mundo? (Matéria de Clóvis Rossi) Postagem: Folha de São Paulo
Nenhum comentário :
Postar um comentário