Intervenções artísticas e palestras abriram a Marcha da Maconha,
que reuniu na tarde de ontem manifestantes favoráveis à legalização da droga no
vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na região central da cidade.
Carregando um cigarro de maconha gigante, o grupo fechou três faixas da Avenida
Paulista e apenas uma ficou livre para deixar passar os ônibus. Aos gritos de
“Ei polícia, maconha é uma delícia”, o protesto seguiu em direção à Praça da
República, onde está prevista uma extensa programação musical durante a noite.
A organização da marcha
calcula que até 5 mil pessoas devem ter participado nos momentos de maior
concentração, enquanto o major Élcio Góes, responsável pelos 150 homens da
Polícia Militar que acompanharam a manifestação, disse que só faria uma
estimativa de público ao final do protesto. Ao fechar ruas e avenidas
importantes, como a Augusta e a Consolação, a marcha consegue, na opinião de
Marcos Magri, atingir um de seus objetivos. “A manifestação de rua tem como
objetivo principal causar impacto na sociedade”, disse.
O modelo segue a ideia
de que a política de drogas no Brasil passa por diversos temas, explica uma das
representantes do bloco feminista, Gabriela Moncau. “A gente acredita que o
Estado faz uma ingerência indevida sobre o corpo dos cidadãos”, diz ao fazer um
paralelo entre o direito ao uso de entorpecentes e o direito ao aborto, uma das
bandeiras do feminismo. Gabriela destaca ainda que o tráfico é a maior causa da
prisão de mulheres, que encarceradas, muitas vezes, enfrentam situações piores
do que os homens. “Muitas estão em presídios que eram masculinos e não foram
adaptados, tem mictórios no banheiro”, exemplifica.
As estudantes de
história Lívia Filoso e Rhana Nunes foram ao protesto principalmente para ver a
palestra do professor Henrique Carneiro, que leciona para ambas e falou no
início no evento. Apesar da motivação comum, as duas têm opiniões diferentes
sobre o ideal da marcha, que neste ano teve o lema A proibição mata: legalize a
vida. Rhana não acredita que a venda legal de drogas vá reduzir o tráfico. “Se
as pessoas pudessem plantar, eu era a favor. Mas dá muito trabalho, elas vão
continuar indo ao morro, porque vai ser mais barato”, disse ao comparar a venda
de drogas com a de produtos falsificados.

Nenhum comentário :
Postar um comentário