O Ministério Público do Rio Grande do
Sul denunciou à Justiça mais 12 suspeitos de participação na adulteração do
leite. A fraude foi descoberta em investigação iniciada no ano passado que
levou à prisão preventiva de sete pessoas no dia 8 de maio. Em pelo menos três
regiões do Estado, grupos diferentes, sem conexões entre eles, operavam da
mesma maneira, adicionando água e uréia, produto que contém formol, substância
considerada cancerígena, ao leite que compravam de produtores rurais para
revender à indústria.
A primeira denúncia havia sido
oferecida na quarta-feira contra dois envolvidos no chamado "núcleo de
Guaporé", na serra gaúcha, onde há um preso. Desta vez os acusados são do
"núcleo Ibirubá", no noroeste do Estado, onde estão os outros seis
presos. Na semana que vem será oferecida a denúncia contra o "núcleo
Horizontina", no oeste do Rio Grande do Sul, onde não há presos
preventivamente.
Entre os 12 denunciados desta
sexta-feira estão empresários, motoristas e funcionários de um posto de
resfriamento de leite e um médico veterinário. Em nota, o Ministério Público
relacionou os envolvidos como João Cristiano Pranke Marx, Angelica Caponi Marx,
João Irio Marx, Alexandre Caponi, Daniel Riet Villanova, Paulo Cesar Chiesa,
Arcidio Cavalli, Rosilei Geller, Natalia Junges, Cleomar Canal, Egon Bender e
Senald Wachter. Cada um cuidava de tarefas específicas, como recolher o leite
em propriedades rurais, adicionar a mistura e enviar o produto adulterado à
indústria.
O grupo também tinha
"olheiros" que avisavam os motoristas da eventual presença de fiscais
do Ministério da Agricultura e tinha um sistema peculiar de comunicação.
"Quando um integrante do esquema oferecia música sertaneja (em uma rádio
local) para um dos comparsas estava, na verdade, orientando a forma de proceder
da adulteração", revelou o promotor Mauro Rockenbach. Além disso, para
tentar driblar possíveis escutas telefônicas usavam termos como "brique,
saguzinho e sopa" para se referir a operações e à própria fraude.
Se a denúncia for aceita pela Justiça
os envolvidos responderão pelos crimes de adulteração de alimentos, formação de
quadrilha e lavagem de dinheiro. Todos os lotes que continham leite
identificado como adulterado foram recolhidos do varejo pelas indústrias, a
pedido do Ministério Público e do Ministério da Fazenda.
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