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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

É velho, mas ainda cola

“É a maior vergonha da minha vida”. Quando fala sobre o prejuízo que sofreu no início do ano, X. começa a chorar. Ela tem 70 anos e, em janeiro, perdeu R$ 2 mil ao cair no golpe do bilhete premiado. A história da idosa reflete uma situação comum na Região Metropolitana Carioca: ela é uma das milhares de vítimas de farsas antigas, pouco elaboradas, que não dependem de tecnologia, mas que ainda são muito relatadas em delegacias todos os anos.
X. foi abordada por um homem carregando uma grande mala, na Praça Saens Peña, Tijuca. Ele perguntou onde podia encontrar uma lotérica e afirmou que estava com pressa para ir a Minas Gerais, para encontrar um parente. Entretanto, o homem queria trocar, antes da viagem, um bilhete premiado de loteria.
— Ele era um home m normal, nem baixo, nem alto, uns 30 anos. Tinha um sotaque diferente, não era do Rio. E carregava uma mala a tiracolo. Veio me perguntar onde ficava a casa lotérica mais próxima. Ele tinha bom papo. Quando dei por mim, estava conversando com ele. Ele explicou que estava saindo do Rio para ver um parente doente e precisava pegar o prêmio que tinha ganhado na loteria. Disse que tinha pressa e estava disposto a trocar o prêmio de R$ 15 mil por qualquer valor. Na hora, eu pensei na minha filha, que estava desempregada. Pensei em ajudá-la. Nessa hora, chegou um outro homem, que estava próximo, e disse: “Se você não aceitar, eu aceito”. Fiquei nervosa e perguntei se ele poderia esperar, que eu ia ao banco tirar o dinheiro. Esvaziei minha conta, que tinha R$ 2 mil. Quando voltei, ele ainda estava lá e falou para irmos beber um café antes de fazermos a troca. Não acredito que fui tão inocente. Na hora, fiquei radiante. Depois, corri para a lotérica e descobri que era golpe. Fiquei tão mal que entrei em depressão e não contei para ninguém da minha família, e nem expliquei o prejuízo.
A vergonha foi tanta que ela não registrou ocorrência nem falou com sua família sobre o caso antes da conversa com o EXTRA. A situação é muito comum.
— As vítimas têm vergonha de fazer o registro. E, quando fazem, mudam a história verdadeira — conta o delegado José William de Medeiros, da 12ª DP, de Copacabana. Segundo ele, no bairro, metade dos registros de estelionato são de golpes antigos, como o do “paco” e o do bilhete premiado.


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