Os boatos sobre o fim do Programa Bolsa Família tiveram origem
espontânea. Esta é a conclusão das investigações da Polícia Federal (PF) sobre
o caso. As investigações apontam que “o boato foi espontâneo não havendo como
afirmar que apenas uma pessoa ou grupo tenha causado os boatos envolvendo o
Programa Bolsa Família. Conclui-se, assim, pela inexistência de elementos que
possam configurar crime ou contravenção penal”, diz nota divulgada pela PF. O
relatório final será encaminhado ao Juizado Especial Criminal do Distrito
Federal.
Em maio, boatos sobre o fim do programa levaram a uma corrida
dos beneficiários às agências bancárias da Caixa Econômica Federal para sacar o
benefício. No ápice do boato, nos dias 18 e 19, o banco registrou 920 mil
saques de beneficiários.
Na ocasião, a presidenta Dilma Roussef classificou
os boatos de atos criminosos e fez um apelo para que os brasileiros
não acreditassem nos pessimistas e, sobretudo, nos boatos.
Entre as linhas de investigação da PF, foi analisada o possível
uso de redes sociais para a propagação dos boatos. O cruzamento de dados
permitiu identificar uma postagem, em uma rede social, feita pela filha de uma
beneficiária da cidade de Cajazeiras (PB) informando sobre o saque antecipado
de sua mãe. Essa foi a primeira menção na internet a respeito do assunto.
“No entanto, a postagem desta informação não foi a origem dos
boatos. Assim sendo, a internet e as redes sociais apenas reproduziram notícias
veiculadas pela imprensa sobre os tumultos em agências bancárias. Apenas uma
beneficiária no Rio de Janeiro noticiou ter recebido telefonema a respeito,
depoimento que não se repetiu em nenhuma outra oitiva”, diz a nota.
De acordo com a PF, a investigação cruzou dados referentes aos
registros de saques feitos no período, bem como o padrão dos saques feitos nos
meses anteriores. O objetivo era identificar os primeiros beneficiários a sacar
o dinheiro do programa.
.
Durante a apuração, foram ouvidos 180 beneficiários de 11
estados: Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba,
Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro. Também foram ouvidos 64 gerentes da Caixa
nas localidades, onde ocorreu o maior volume de saques.
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