Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em um
bairro pobre da cidade, a Ilhota, no dia 16 de setembro de 1914. Chovia tanto
que o córrego próximo da sua casa inundou, obrigando a parteira a chegar lá de
barco. Seus pais, Francisco e Abigail, tiveram 21 filhos - e Lupicínio foi o
quarto.
Lupicínio foi para a escola aos cinco anos de idade. Dizem que o menino se
distraía muito cantando na sala de aula e que, por essa razão, teve de parar os
estudos, para retomá-los dois anos mais tarde..
Aos catorze anos, ele compôs sua primeira música, "Carnaval", para um
cordão chamado Prediletos. Precocemente, já freqüentava a boemia e suas amigas
inseparáveis: as bebidas e as serenatas. O pai não gostou e o obrigou a se
alistar no Exército, aos quinze anos, como "voluntário".
Em 1935, Lupicínio Rodrigues deu baixa do Exército e voltou para Porto Alegre,
onde foi trabalhar como bedel na Faculdade de Direito. No mesmo ano, venceu um
concurso musical da prefeitura, em comemoração ao centenário da Revolução
Farroupilha, com a canção "Triste história", uma parceria com Alcides
Gonçalves, que a gravou em 1936, junto com "Pergunte aos meus
tamancos", outro samba da dupla.
O sucesso
A consagração veio em 1938, com "Se acaso você chegasse". O chamado
Rei da Voz transformou em sucessos "Nervos de aço", em 1947,
"Esses moços" e "Quem há de dizer", em 1948, e
"Cadeira vazia", em 1950.
O banal sem banalidade
Lupicínio é um dos compositores mais originais da música popular
brasileira. Além das inúmeras qualidades do seu trabalho, ele se destacou como
o criador da "dor-de-cotovelo". A expressão, graças a ele, passou a
designar um estilo de canção que trata das desventuras amorosas, um tema sobre
o qual Lupicínio foi um criador imbatível.
Em 1995, o filho de Lupicínio, Lupicínio Rodrigues Filho, organizou o livro
"Foi Assim" (Editora L&PM), com uma seleção das crônicas
publicadas por seu pai no jornal "Última Hora", de Porto Alegre, em
1962 e 1963. Na maior parte desses textos, o compositor conta a história das
suas músicas: "Eu tenho sofrido muito nas mãos das mulheres, porque sou
muito sentimental, mas também tenho ganhado fortunas com o que elas me
fazem...", revelou ele numa das crônicas.
Lupicínio Rodrigues faleceu em Porto Alegre, RS, em 27 de agosto de 1974, aos
59 anos, com problemas no coração.
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